terça-feira, 21 de setembro de 2010

Acari: CEAV e parceria no Projeto Acolhendo Estórias

Histórias e Estórias
Desde março de 2010, estamos concretizando um trabalho de fortalecimento e acompanhamento continuado da comunidade de Acari quanto a violações dos Direitos Humanos e saúde psicológica. A demanda por uma intervenção mais próxima, a médio prazo, partiu do companheiro Deley, militante e líder comunitário já conhecido aqui no Rio. As organizações de Direitos Humanos tendem a fazer intervenções eficientes, porém pontuais e com um atravessamento mais jurídico, de colher denúncias e dar encaminhamento a inquéritos e processos. Mas quem mantém um trabalho com quem continua em casa, chorando baixo, sofrendo os efeitos indigestos de operações policiais que violam mais do que direitos, destroem famílias e desarticulam grupos inteiros de moradores?
Foi aí que chamamos o IEC (Instituto de Estudos da Complexidade), instituição parceira do CEAV que atende alguns de nossos usuários em sua clínica social, para pensar junto conosco e com a Associação de Moradores de Vila Nova e Parque Acari. Mantendo uma frequência de 15 em 15 dias, temos feito reuniões para pensar e realizar juntos estratégias de mobilização e potencialização da rede de cuidado e de resistência local que possam ser mais consolidadas. Temos, ainda, circulado na comunidade, indo às casas de moradores, fazendo atendimentos psicossociais aos casos de violência e outras demandas. É um rabalho de uma clínica/terapêutica social que não se separa da política. Um trabalho nômade, também. Para além do acolher denúncias, o objetivo principal é Acolher Estórias.
Eis aí o nome do Projeto: Acolhendo Estórias.

Trata-se de uma iniciativa que é inventiva, inédita, e que vai se fazendo a cada encontro. Fomos nos aliando a atividades culturais e pedagógicas locais, projetos e atividades que já existem em Acari (oficinas, encontros com crianças, grupos de música, reforço escolar, projetos universitários). Escutar, acolher estórias que não são necessariamente de violência, circular na favela... Esse processo está se dando e o exercício é justamente embarcar em movimentos já existentes, sempre de forma coletiva. Partimos do micropolítico, nesse trabalho de base, para provocar reflexões e ações a respeito da implicação dos moradores na produção e na resistência da violência. Assim, também considerando a macropolítica (a conjuntura de governo e políticas públicas atual), o objetivo é que Acari, enquanto comunidade, possa criar e garantir redes de colaboração, proteção e cuidado como fortalezas que façam frente às violações que sofrem, como protagonistas e não mais apenas como vítimas, à imagem de outras comunidades que já conseguem evitar tais operações que tanto matam.
O caminho é longo e complicado, mas estamos animados!

Se você quiser saber mais sobre esse trabalho ou tem contribuições a fazer, comente essa postagem. Mantenha contato!
A equipe do CEAV e o Projeto Acolhendo Estórias agradecem.




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